o dildo em seu caráter de prótese não pode tocar a natureza senão transformando-a. não uma prótese que substitui um membro ausente, mas desenvolve e modifica um organismo vivo: o corpo do ciborgue que supera categorizações biológicas e destitui da natureza a legitimação do contrato social heterocentrado. o dildo assim integra a tecnologia sexual junto a categorias artificiais como gênero, orientação e identidade e materializa uma resistência anatômico-política às relações de poder estabelecidas pela diferença sexual.

o dildo não supõe imitação, mas a criação de um novo paradigma, o da plasticidade sexual, do corpo que não se restringe aos limites de sua pele e se reconstrói continuamente em suas extensões sintéticas para além da erotogeneidade demarcada ideologicamente. Essa dissolução das fronteiras do corpo sexuado desnaturaliza o pênis, desbanca a exclusividade da penetração heterocêntrica e propõe a sublevação contra o sistema de forças estabelecido pelo falocentrismo, abrindo espaço para as sexualidades múltiplas, móveis e transferíveis, em favor do prazer da confusão de fronteiras.



fotografias polaroid
belo horizonte, 2014–2015

com Thyana Hacla, Vitor Faria, Laura Gonzaga, Sara Mosli, Paula Coraline, Camila Geoffroy, Mikael Guedes, Randolpho Lamonier, Sara Não Tem Nome, Thamires Siqueira, Lilian Brandão, Bruna Olira, Alice Zanon, Thyer Machado, Circe Clingert, Pedro Saldanha, Augusto Vossenaar, Daniela Pedrosa.